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Produtor Cultural e Audiovisual

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


O rugido saiu de sua garganta ofegante, trouxe a boca o sabor do sangue, que invadiu sua boca em uma salivação. Seus olhos cerraram enquanto suas narinas dilatavam. Captou o som de longe, sua presa caminhava em sua direção, a pouco menos de um quilometro, ele já sentia seu cheiro, a  pele, o  perfume, dos longos cabelos, podia ver a silhueta que caminhava na noite fria  a sua frente. Ela recolheu sua bolsa e a colocou na frente do corpo em sinal de defesa, suas pupilas também dilataram quando o vento levantou seus cabelos e acariciou sua pele fazendo os pelos arrepiarem, seu coração disparou, acelerou os passos.  O cheiro de medo já estava espalhado, como uma presa que não vê o predador, mas pressente seus últimos instantes de vida.    
      A fome não o deixou em paz, aguçou seus sentidos e o fez sentir o sangue quente das veias dela, era jovem e bela, uma pequena ovelha a caminhar nas longas e solitárias noites vazias. Viu seu fim eminente quando ele saiu das sombras e caminhou a sua frente, vindo em sua direção, como um lobo a intimidar sua presa. Ficou paralisada, dos olhos dele emanava uma pálida e sutil luz, que a fazia ficar imóvel, desesperada por dentro não conseguia fugir.

      Um passo na frente do outro ele chegou a sua presa, vagarosamente, como se todo aquele teatro e horror fosse parte da sua sobrevivência, como se fosse necessário.  Retirou do pescoço dela as madeixas negras e longas, deslizou os dedos tocando com as longas unhas simulando um corte. A pele dela enrijeceu, arrepiando-se ao toque, seu terror se misturou a uma sutil excitação. Só então se deu conta de que seu predador era um homem forte e alto, trajava um terno tradicional de 1920, tinha cabelos longos e uma face bem delineada, entrando em contraste com o monstro que sentia ao ver suas sombras.
      Ele continuou o seu ritual profano, deslizando as mãos sobre a pele dela retirando do meio da pista com sutileza, estava aterrorizada, agora também curiosa e encantada. Pousou levemente a língua pescoço dela enquanto com a outra mão ia até a raiz do seu cabelo inclinando a cabeça dela para trás tendo assim mais angulo para uma mordida profunda. O toque em seu cabelo a excitou e o cheiro doce e suave começou a sair dela. Ele a encostou em um carro que estava ali parado, uma densa neblina começava a descer sobre as solitárias calçadas de concreto frio. Quando o metal frio a tocou nas costas sentiu o gélido orvalho, o que entrou em contraste com o corpo quente a tocava. O suor começou a minar em sua testa, dando um claro sinal de excitação, medo e talvez insanidade.
      Adentrou um mundo desconhecido, ela, em sua singela condição humana, não sabia o que estava acontecendo de verdade, seus instintos gritavam para que corresse, dizia que era o fim, mas seu corpo queria ficar, queria ser explorado, queria ser descoberta por aquele ser. O desejo de sua carne a inflou de calor, fazendo escorrer por suas vontades a luxúria. Ele não pode se conter, era sua forma favorita de se alimentar.
       As sombras ao redor os encobriram juntando-se a densa neblina que ali já pairavam, fazendo um enorme casulo de confusão. Seus dedos começavam a descobrir o corpo dela pouco a pouco, passou do pescoço aos lábios, já não estavam mais em si. O fervor da mordida a fez abandonar a razão, existia algo de sobrenatural ali, algo inexplicável, mas com certeza não iria parar para perguntar, não queria correr, só queria terminar com aquilo. As mãos dele começaram a despir lentamente, enquanto beijava a ela, enquanto tocava cada parte do seu corpo, enquanto sentia cada espasmo de terror. 
      Cravou os caninos no pescoço de forma brutal, levando-a automaticamente a um orgasmo que nunca imaginava experimentar, ela gemeu, se contorceu para trás oferecendo todo resto de seu corpo a ele.
Enquanto ele sorvia de sua vida a descobriu, já as mãos dela pousavam sobre ele em movimentos repetidos, uniram-se em uma sinfonia de prazeres e contorções, um ritual pronunciado em gemidos que apenas iniciava.




†Alesson Ľäsðmбя冠

Myself

Myself
Deixe-me invadir a tua alma, e aos poucos como sombras me misturar em tua essência, elevar-te ao prazer e consumir os teus desejos com o fogo ardente da eternidade.